Professora da UERJ mostra extrato bancário zerado


Vergonha! Professora Stela Guedes Caputo da UERJ, sem salários há três meses.

Professora Stela Guedes Caputo, da Uerj. Reprodução Arquivo pessoal

Stela Guedes Caputo,  50 anos, Professora da UERJ – Universidade do Estado do Rio de Janeiro, ficou muito nervosa  ao pegar o extrato de  sua conta bancária e ver que estava  sem nenhum real. Nem mesmo dinheiro para  a condução para chegar na universidade pública onde dá aulas.

Acontece que o governo do Estado do Rio de Janeiro não faz pagamento aos professores da UERJ, há três meses.  O Rio de Janeiro está no vermelho, e a crise financeira que afeta os servidores públicos da cidade. Mesmo, o governo, reconhecendo a importância da UERJ , ainda não conseguiu resolver os problemas de pagamento de funcionários dessa instituição.

Stela Guedes Caputo, professora do cursos de graduação e pós na área de educação, decidiu postar o extrato da sua conta zerada no Facebook e um texto protestando contra os atrasos salariais, o que lhe rendeu muitos acesso e compartilhamentos

Em entrevista à BBC Brasil, Caputo disse, “Estou me sentindo humilhada por dar aulas, por trabalhar e não receber. O (governador) Pezão está roubando a dignidade dos professores da Uerj”.

É como estar desempregada, só que trabalhando. Eu quis mostrar porque não sei se todo mundo entende o que estamos passando“, Lamentou a professora e continua dizendo,”Ver aquela conta zerada, o que nunca tinha acontecido comigo, foi um soco no coração.”

Devido a falta de condições o reitor da UERJ, Ruy Garcia Marques, suspendeu as aulas que afetam cerca de 30 mil alunos.

Ele justifica sua atitude,”O atraso salarial, cada vez maior, gera endividamento crescente, insegurança, angústia e situações de estresse incontroláveis, maximizadas naqueles que se veem impedidos até da simples compra de medicamentos para manutenção básica da saúde“.

REPRODUÇÃO Stela Guedes Caputo 

Com a falta de pagamento as contas da professora estão em atraso, pois seu último pagamento foi o de abril e recebeu de forma fracionada.

Além disso ela reclama de não ter como dar as aulas, nem fazer a produção de pesquisas e participar de congressos acadêmicos sem ter como arcar com as despesas. “É muito constrangedor quando você evita sair com seus colegas porque não tem dinheiro para pagar um jantar“, conta.

Enquanto não recebe os salários atrasados, Caputo vive como pode. Tem feitos alguns trabalhos esporádicos, pois, como é contratada em regime de dedicação exclusiva, não pode ter vínculo empregatício com outra empresa.

Na manhã desta terça, ela teve uma grata surpresa ao se dirigir a portaria de seu prédio para buscar as correspondências,  encontrou um envelope, com R$ 450 e uma carta anônima.

Fiquei emocionada. Não sei quem enviou a doação. A pessoa escreveu que admira a força dos professores da Uerj“, finaliza.