Cura gay: juiz concede liminar que autoriza psicólogos a oferecerem terapia de reversão sexual


Foi deferida uma liminar na última sexta-feira (15) pelo juiz federal Waldemar Cláudio de Carvalho que permite que psicólogos classifiquem a homossexualidade como doença e ofereçam tratamento. O fato gerou indignação na comunidade LGBT, em grande parte da população brasileira e no Conselho Federal de Psicologia (CFP). Este último afirma que vai recorrer da decisão,  pois acredita que ela é absurda. Especialistas consideram que a decisão vai de encontro à lei e fere os direitos humanos.

Em 1990 a OMS eliminou a homossexualidade da lista de doenças, porém o juiz decidiu regredir 27 anos e tentar invalidar a decisão da Organização, que diga-se de passagem, foi tomada depois de muitos debates em direitos humanos e na medicina. Vale salientar também que não existe “remédio” para a doença, muito menos tratamento que seja cientificamente capaz de “curar” uma pessoa da homossexualidade. Após a repercussão do caso, o juiz, através de assessoria, informou que não dará entrevistas. Mas, segundo ele, o fato de o profissional de psicologia não poder atuar na (re)orientação sexual dos pacientes limita a investigação de aspectos importantes da psicologia, como a sexualidade. Para ele, o fato de a homossexualidade poder ser tratada e estudada pode trazer avanços científicos para o país. Porém, Rogério Giannini, presidente do CFP estranhou esta explicação, tendo em vista que a entidade não exerce controle sobre pesquisas acadêmicas,
não tendo assim capacidade de interferir em estudos sobre o assunto. Segundo Giannini, quem defende a cura gay faz confusão e mistura religião e ciência, oferecendo terapias sem nenhum embasamento ou eficácia atestada.

Rozangela Justino, psicóloga que já oferecia tratamento para a homossexualidade, está entre os autores da ação. Vale ressaltar que esta mesma psicóloga teve seu registro cassado no ano passado pelo CFP e, atualmente, não pode exercer a profissão. Rozangela é, além de psicóloga, missionária. Esse fato reforça o comentário do presidente do CFP. A religiosa não quis se pronunciar a respeito.