Karina, 15, se matou com medo do vazamento de fotos íntimas. E então vazaram fotos de seu suicídio


Mais uma mãe está sofrendo, seu nome Angela Saifer, 46, ela sofre pela perda da filha de apenas 15 anos,  infelizmente  ela não pode ajudar a filha. Tudo aconteceu quando ela  ainda estava trabalhando na usina açucareira,  sua filha enviou uma mensagem no WhatsApp, ás 13h30 do último dia 7 de novembro,  indagando se poderia ir fazer um trabalho escolar, este seria o  seu último contato.

A garota de apenas 15 anos, Karina Saifer Oliveira, cursava o primeiro ano do ensino médio,  na escola pública Nair Palácio de Souza, em Nova Andradina, MS, seus dias eram divididos entre ficar com a mães ou ir na casa de seu pai, Aparecido Oliveira, 47, agente de segurança da escola pública  a mesma que ela estudava.

No dia 07, ela estava na casa de sua mãe, era um dia normal, ela almoçou com o padrasto e saiu. Quando a mãe voltou do trabalho, ela não estava em casa. Angela, deu entrevista ao site BuzzFeed News, onde contou o que aconteceu, “Ela era bem estudiosa. Até no dia em que aconteceu isso daí, ela me mandou uma mensagem, falou: ‘mãe, posso ir fazer um trabalho? preciso de nota’. Eu perguntei onde era e ela não respondeu mais. Aí eu fiquei meio preocupada, mas pensei que ela tivesse saído.” A mãe continua o relato, “O celular dela estava em cima da cama. Chamei: ‘Karina!’. Ela não respondeu. Eu vi a porta do fundo aberta. Deixei minha mochila em cima da mesa. Na hora que eu cheguei no fundo [onde fica a varanda], deparei com aquela cena. Jesus Cristo! Eu não desejo isso para mãe nenhuma. A gente não sabe o que passa na vida da gente. Se eu soubesse…“.

Não sabíamos o que estava acontecendo, dia a mãe, “Ela sempre foi muito meiga. Ultimamente ela sentava no meu colo, jogava as pernas para o lado, ficava passando a mão na minha cabeça. Eu perguntava se estava acontecendo alguma coisa. E ela dizia que não. Só tô te abraçando, ela dizia. Eu não sabia de nada.

Ela era como qualquer outra adolescente, dia a mãe, “Ela fez 15 anos no dia 6 de junho. O sonho dela era ter uma festa. A gente nunca teve condição de fazer. Ela sempre falava que queria ser uma delegada, que queria estudar. O pai é bacharel em Direito e ele sempre apoiava ela”.

Karina, tinha um segredo, que queria esconder  dos pais,  ela havia conhecido, quando ainda tinha 14 anos,  um garoto de 17 com quem teve um envolvimento mais íntimo e chegaram aos finalmente. Mas, isso acabou sendo  falado por toda a cidade,   qué é pequena e tradicional, além de todos da escola comentarem. Ele havia divulgado fotos íntimas de Karina,  para provar sua masculinidade. Mas ninguém sabe se essas fotos existiam ou não, mas isso a deixou muito pertubada.

“Faz dois meses ela veio conversar comigo que ela estava se sentindo uma pessoa vulgar porque tinha acontecido isso com ela. Eu disse que não tinha nada a ver”, conta seu pai, Aparecido. “Eu só soube o que aconteceu depois que o rapaz já não estava morando na cidade.” Para piorar tudo,  Karina sofria bullyng na escola, por ter o cabelo crespo e alisado, pois sua é mãe branca e seu pai afrodescendente.

Ela era muito perseguida na escola. Depois que ela morreu, nós pegamos mensagens de alunos no WhatsApp dela, de ódio, de alunos que zoavam o cabelo dela por ser meio afro, porque ela usava chapinha. Vinham há mais de ano provocando ela“, disse o pai.

O diretor da escola, Acácio Sampaio, diz que não sabia de nada,  “Não sabíamos o que estava acontecendo. O problema do bullying é o silêncio”, continua dizendo,  “Vimos que ela estava triste, com o olhar distante. Até que uma colega contou que ela havia tomado até um veneno. Isso faz uns 15 dias. Nós a chamamos e ela se abriu, contou do bullying, dos problemas. Chamamos o pai dela, que estava de férias. Conversamos. Ela não se sentia bem com seu cabelo. Não identificamos quem fazia o bullying mas temos conversado com todos os alunos.

Ela não gostava do cabelo porque as pessoas ficavam criticando o cabelo dela. Isso é racismo“, afirma  o pai, que continua dizendo, “Porque o bullying é uma coisa transitória. Racismo é quando você mexe com uma coisa que você não pode mudar, como o cabelo, a cor da pele“. O pai, devido a aparente tristeza da garota, planejava mudar de cidade, mas não foi possível a tempo.

Após seu falecimento, Uma das irmãs de Karina, teve uma surpresa desagradável, pois  recebeu a foto do corpo de Karina já desfalecido, após o suicídio, num grupo de WhatsApp, deixando a família revoltada. “Só quem entrou lá [na casa] foram o perito e a polícia. Eu fico me perguntando quem foi que vazou essas fotos. Não entrou ninguém de estranho lá“, conta a mãe revoltada.

Após esse fato desagradável a família prestou queixa no 1º DP de Nova Andradina,  o delegado Luiz Quirino Antunes Gago, diz que investiga se  houve quebra de sigilo funcional,  mas nega que sejam os policiais os responsáveis pelo vazamento das imagens.

Segundo o delegado nos próximos dias saíram os laudos de necropsia, que confirmarão se foi suicídio por enforcamento. Quanto ao bullying,  o delegado, afirma que dificilmente terão efeito penal.

Até existe um crime no Código Penal [artigo 122], de instigação ao suicídio, mas seria uma coisa de causa direta. No caso do bullying, tem um efeito simbólico sobre o suicídio, mas não fala diretamente para a pessoa [se matar].

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Os 32 alunos que estudavam com Karina terão uma sessão especial com uma psicóloga o bullying e o luto. O diretor e as coordenadoras uma conversa com os alunos, ele disse, “Os alunos ficaram com uma sensação de impotência. Estamos falando também sobre as fotos da morte, para não compartilhar, porque isso é crime e faz a família sofrer ainda mais.”

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